Tudo o que você sabia sobre Krafft-Ebing estava errado

Você já deve ter ouvido falar de Richard von Krafft-Ebing e sua obra magna, “Psychopathia Sexualis”. Incrivelmente influente, foi publicada na passagem do século XIX para o XX, e ainda era utilizada, nas últimas décadas do século passado, como referência sobre psiquiatria e sexualidade.

Coisas que você deve ter ouvido falar sobre Krafft-Ebing: que era um típico sexólogo vitoriano; que as pessoas podiam ser divididas entre normais e pervertidas; que havia, de um lado, o sexo normal e natural e, de outro, o pervertido e patológico; que a única forma natural de realizar o ato sexual era o procriativo; que ele criava rótulos para as pessoas, e identificava sua sexualidade à sua identidade; que queria legislar sobre o sexo, coibindo as “anormalidades”; que inventou o termo “homossexualismo”; que, das perversões, a pior seria a da “inversão sexual”, ou seja, a atividade dos homossexuais.

Que mais estamos esquecendo?

Então: surpresa! Tudo isso está errado. Há uma razão para que essas ideias tenham sido criadas sobre a obra (tem a ver com a interpretação dada ao livro ainda no século XIX, com a sua deformação no início do século XX por outros autores, pelos interesses políticos do movimento antipsiquátrico dos anos 1960 e 70). Mas não há muita razão para que elas continuem.

A obra de Krafft-Ebing não é nada do que usualmente se escreve sobre ela. No livro, apresenta-se um autor muito mais aberto ao diálogo, muito mais sensível, e que aceita o diferente de uma forma com muitos- mas muitos muitos mesmos – nuances que os rótulos fáceis foram lançados sobre ele.

A explicação para isso? 1. O livro é enorme. Não é chato, mas é muito grande: então, muita gente deve ter confiado em sumários. 2. A inexistência no público brasileiro, de uma tradução completa da obra. Existia até traduções parciais, com no máximo 1/3 do livro. Muito pouco. E deformante.

Que tal discutirmos mais sobre Krafft-Ebing? Aos poucos iremos lançar mais textos discutindo os vários pontos de sua obra. Por enquanto, por que você não lê o primeiro capítulo?


Adquira o livro!

 

Comentários estão fechados.