Quem é esta mulher que olha tão fixamente para nós, na capa de “A mulher delinquente”?
O nome dela é Laura Bullion, e a escolhemos como capa de “A mulher delinquente” por vários motivos.
Não há como negar que uma das razões foi estética. Seu olhar é penetrante, forte. E, acima de tudo, furioso.
Mas, principalmente, porque Laura é um exemplo perfeito de como eram falhas as teorias de Lombroso e Ferrero.
Se fôssemos analisar seus aspectos físicos pela teoria de ambos, ela seria uma “criminosa nata”: longos e volumosos cabelos negros, rosto assimétrico, mandíbula volumosa, maçãs do rosto saliente, lábios carnudos (destacando sua luxúria). Suas roupas, pelo que se pode notar, são masculinizadas. Portanto, ela era uma criminosa nata.
Se você achou que a análise acima é loucura, leia o livro. Era assim que Lombroso “diagnosticava” a delinquência.
E Laura Bullion foi, sim, uma criminosa. Como apelido de “Rosa com espinhos” (Thorny rose) participou do famoso bando de Butch Cassidy e Sundance Kid, no oeste estadunidense do século XIX.
Mas Laura venceu a todos, inclusive o tempo. Faleceu aos 85 anos, muito bem, obrigada, tendo levado uma vida rica e produtiva. Após sair da prisão (e foram várias as prisões – a foto acima é de uma dessas vezes), acabou se estabelecendo no estado do Tennessee, trabalhou como costureira, e como decoradora de interiores.
É uma pena que historiadores dos Estados Unidos não tenham maior interesse em sua vida. E tendo vivido até os anos 1960, seria riquíssimo se uma entrevista fosse feita com ela.
Enfim, pelo visto a oportunidade foi desperdiçada.
De toda forma, ei-la aqui na capa deste livro. Queremos acreditar que teria gostado da homenagem.