Quem foi Estrabão?

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Estamos trazendo para o Brasil a obra Geografia, do grande geógrafo grego da Antiguidade.

Mas quem foi Estrabão? No posfácio da obra que estamos publicando, há uma biografia detalhada deste grande pensador, na qual se busca aliar o que se sabe sobre sua vida particular à produção de sua obra prima.

Leia, a seguir, um trecho deste posfácio sobre a vida de Estrabão.


O que se sabe sobre Estrabão deve ser colhido de suas próprias declarações dispersas pelas páginas de sua Geografia; isso é verdade não apenas para sua linhagem, afinal aprendemos muito sobre sua carreira e obras, analisando seus textos. Dorilau é o primeiro dos ancestrais maternos de Estrabão a ser mencionado por ele, em conexão com seu relato de Cnossos. Este Dorilau foi um dos oficiais e amigos de Mitrídates Euergetes, que o enviou em viagens frequentes à Trácia e à Grécia para recrutar tropas mercenárias para o exército real. Naquela época, os romanos ainda não haviam ocupado Creta, e Dorilau chegou a Cnossos no início de uma guerra entre Cnossos e Gortina. Seu prestígio como general fez com que fosse colocado no comando do exército Cnossiano; suas operações resultaram em uma vitória arrebatadora para Cnossos, e grandes honras foram dadas sobre ele. Nessa conjuntura Euergetes foi assassinado em Sinope, e como Dorilau não tinha nada a esperar da rainha viúva e dos filhos pequenos do rei morto, aliou-se permanentemente aos Cnossianos. Casou-se em Cnossos, onde nasceram sua filha e dois filhos, Lagetas e Estrártaca. Seus próprios nomes indicam as tendências marciais da família. Estrártaca já era um homem idoso quando Estrabão o encontrou. Mitrídates, de sobrenome Eupator, e o Grande, sucedeu ao trono de Euergetes na tenra idade de onze anos. Foi criado com outro Dorilau, sobrinho do primeiro Dorilau (general). Quando Mitrídates se tornou rei, mostrou sua afeição por seu antigo companheiro Dorilau, derramando honras sobre ele e tornando-o sacerdote de Ma em Comana Pôntica – uma dignidade que aproximou Dorilau do rei. Mas não contente com isso, Mitrídates estava desejoso de conferir benefícios aos outros membros da família de seu amigo. Dorilau, o mais velho, estava morto, mas Lagetas e Estrártaca, seus filhos, agora adultos, foram convocados para a corte de Mitrídates. “A filha de Lagetas era mãe da minha mãe”, diz Estrabão. Enquanto a sorte sorria para Dorilau, Lagetas e Estrártaca continuaram a ter sucesso; mas a ambição levou Dorilau a se tornar um traidor de seu mestre real; ele foi condenado por conspirar para entregar o reino aos romanos, que, ao que parece, concordaram em torná-lo rei em troca de seus serviços. Os detalhes não são conhecidos; pois tudo o que Estrabão acredita que valia a pena dizer é que os dois homens caíram na obscuridade e no descrédito junto a Dorilau.

Esses ancestrais de Estrabão eram gregos, mas o sangue asiático também corria em suas veias. Quando Mitrídates anexou a Cólquida, percebeu a importância de nomear como governadores da província apenas funcionários e amigos mais fiéis. Um desses oficiais era Moafernes, tio da mãe de Estrabão por parte de pai. Moafernes não alcançou esta posição elevada senão ao final do reinado de Mitrídates, e participou da ruína de seu mestre real. Mas outros membros da família de Estrabão escaparam dessa ruína; prevendo a queda de Mitrídates, buscaram abrigo da tempestade iminente. Um deles era o avô paterno de Estrabão, de nome Eniates. Eniates tinha motivos privados para odiar Mitrídates e, além disso, Mitrídates havia condenado à morte Tíbio, sobrinho de Eniates, e o filho de Tíbio, Teófilo. Eniates, portanto, procurou vingar tanto a eles quanto a si mesmo; entregou de forma traiçoeira quinze fortalezas a Lúculo, que lhe fez promessas de grande sucesso em troca desse serviço à causa romana. Mas, nesse contexto, Lúculo foi substituído por Pompeu, que odiava Lúculo e considerava como seus próprios inimigos pessoais todos aqueles que haviam prestado notáveis serviços ao seu antecessor. A hostilidade de Pompeu contra Eniates não se limitou à perseguição na Ásia Menor; pois, quando retornou a Roma após o término da guerra, impediu o Senado de conferir as honras prometidas por Lúculo a certos homens do Ponto, sob a alegação de que os despojos e as honras não deveriam ser concedidos por Lúculo, mas por ele mesmo, o verdadeiro vencedor. E assim aconteceu que o avô de Estrabão não recebeu as recompensas de suas ações.

Outra prova da existência de sangue asiático nas veias de Estrabão é o nome de seu parente Tíbio; pois, diz Estrabão, os atenienses davam aos seus escravos os nomes das nações de onde vinham, ou então os nomes mais comuns nos países de onde vinham; por exemplo, se o escravo fosse um Paflagônio, os atenienses o chamariam de Tíbio. Assim, parece que Estrabão era de linhagem mista e que descendia de ilustres gregos e asiáticos que serviram aos reis do Ponto como generais, sátrapas e sacerdotes de Ma. Mas pela linguagem e educação, era completamente grego.


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